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MP acompanhará investigações sobre agressão sofrida por ialorixá em Ilhéus
MP acompanhará investigações sobre
agressão sofrida por ialorixá em Ilhéus
As denúncias de tortura, humilhação e discriminação sofridas pela ialorixá Bernadete Ferreira dos Santos no município de Ilhéus, no sul da Bahia, deverão ser apuradas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Discriminação (Gedis) do Ministério Público estadual. Após ouvir o relato da vítima na última quinta-feira, dia 4, o coordenador do grupo, promotor de Justiça Cícero Ornellas, se comprometeu a acompanhar as investigações do caso conjuntamente com a Promotoria de Justiça de Ilhéus. Bernadete dos Santos e entidades representativas do movimento negro pediram o apoio do Ministério Público na apuração dos fatos denunciados e mostraram-se preocupados com a escalada de violência que as religiões de matriz africana vêm sofrendo na Bahia. “Os fatos narrados são chocantes”, afirmou Ornellas, salientando que, com a conclusão das investigações, o MP deverá adotar medidas efetivas para “coibir a agressividade e impedir que ocorram fatos de intolerância semelhantes”.
De acordo com a representação criminal entregue ao Ministério Público em Ilhéus no último dia 26 de outubro, Bernadete dos Santos foi vítima de agressões físicas e psíquicas cometidas por policiais militares, que também praticaram uma série de atos ilegais e arbitrários. Segundo o relato da vítima, no início da tarde do dia 23 de outubro, oito policiais fardados e armados entraram no Assentamento Don Helder Câmara, administrado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e seguiram para um matagal com um rapaz algemado. Na qualidade de representante da comunidade e acompanhada do esposo, Bernadete indagou aos policiais o que estava acontecendo e informou que ali trata-se de área federal, esclarecendo que eles não podiam adentrar no assentamento desprovidos de ordem judicial. A partir daí, inciaram-se as agressões à vítima, que teria sido algemada e torturada, chegando a ser puxada pelos cabelos e jogada em um formigueiro. Ainda de acordo com o relato, os policiais diziam que Bernadete estava “possuída pelo Satanás” e que iriam tirar o diabo do corpo dela, arrastado-a por 600 metros. Moradores do assentamento teriam presenciado todo o sofrimento da vítima, que ainda foi presa em uma cela por três horas, junto com homens, na cadeia pública de Ilhéus. De acordo com o promotor de Justiça Cícero Ornellas, a Polícia Militar abriu sindicância para apurar os fatos.
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