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Evento no MP discute situação de agravo da sífilis na Bahia com foco em populações vulneráveis
Evento no MP discute situação de agravo da
sífilis na Bahia com foco em populações vulneráveis
A constituição de uma rede de saúde capacitada que contemple a prevenção, a assistência e o controle da sífilis nas populações consideradas em contexto de vulnerabilidade apareceu como uma das maiores preocupações dos palestrantes e debatedores que participaram na manhã de hoje, dia 6, da 9ª edição alusiva ao Dia Nacional de Combate à Sífilis, realizada no auditório da sede do Ministério Público estadual do CAB. Idealizador e organizador do evento, o presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis na Bahia (SBDST-BA), Roberto Fontes, apresentou dados de amostras descritivas e de pesquisas mais aprofundadas sobre a prevalência da doença, que indicam uma maior vulnerabilidade de certos grupos, como profissionais do sexo, usuários de drogas, travestis, transexuais, entre outros. Ele pontuou que, além destes indivíduos, como qualquer outro cidadão, terem o direito ao atendimento de saúde, eles podem entrar em contato com a população em geral. Neste contexto, lançou uma questão para a reflexão e o debate: “É preciso se questionar se há preparo das redes municipais e estadual para atender estas pessoas”. A palestra de Fontes teve como tema ‘Sífilis: Contexto atual e estratégias de enfrentamento’, proferida após apresentações musicais e de dança e dos discursos introdutórios durante a mesa de abertura.
Representando o MP na parceria para realização do evento, o promotor de Justiça Rogério Queiroz, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau), agradeceu a presença de todos. “Fico feliz em ver esse auditório cheio. E lembro que o MP também é defensor dos direitos destes segmentos excluídos”, afirmou, referindo-se às populações consideradas vulneráveis. Queiroz destacou a necessidade de continuidade das ações na área para que se diminuam os índices de prevalência da sífilis no estado. “As pessoas passam, mas as instituições ficam. Fico muito feliz pelo trabalho dos técnicos, mas os resultados não estão sendo colhidos e eles precisam ser”, afirmou. O promotor se referia às estatísticas e às preocupações apresentadas na abertura do evento mostrando a gravidade da realidade atual da doença na Bahia, sobretudo quanto à sífilis congênita. Segundo dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), no período de 2008 a 2013, a incidência de casos registrados de sífilis congênita em crianças com menos de um ano cresceu mais de quatro vezes na Bahia, passando de um para 4,6 casos por mil nascidos vivos. Por isso, o médico Roberto Fontes destacou, entre as estratégias de combate à doença, a inclusão do parceiro na triagem do exame pré-natal com papel filtro, a partir do teste rápido para sífilis (de metodologia já aprovada e validada), e a necessidade de conscientizar as equipes, incluindo médico, do valor desta investigação, como forma de diminuir o impacto da transmissão vertical.
Segundo a diretora da Vigilância Epidemiológica do Estado da Bahia (Divep), Maria Aparecida Figueiredo, o aumento da incidência da doença pode estar atrelado à melhora dos métodos de notificação, mas isso não explica completamente o fenômeno. “O aumento das notificações pode indicar melhora da vigilância, da identificação e do diagnóstico, mas isso não nos deixa confortáveis de jeito nenhum”, afirmou. A presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren), Maria Luíza Almeida, foi mais taxativa: “os indicadores são preocupantes e não é porque foi melhorado o sistema de vigilância”. Seguindo a mesma linha de interpretação, a médica e professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Ufba, Maria Inês Dourado, observou que “o aumento não pode ser explicado só com a melhora das notificações, mas há um aumento real”. Ela foi, junto ao promotor Rogério Queiroz, uma das mediadoras do debate organizado após a palestra do médico Roberto Fontes, sobre a inclusão do cuidado nas populações em contexto de vulnerabilidade. Participaram das discussões, com espaço para questões e intervenções da plateia, a representante do Departamento Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Elisiane Pasini; Ana Gabriela Travassos, do Centro Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap); Antônio Conceição da Purificação, da diretoria da Gestão do Cuidado da Sesab; Tarcísio Oliveira, da Rede Cegonha da Secretaria Municipal de Saúde (SMS); Tatiana Aguiar, representante do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb-BA); Maria Luiza Almeida, do Coren; George Gusmão, do Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas (Cetad); Maria Suely Sobral, representante do Movimento Nacional da População de Rua; Kâhu Pataxó, secretário-geral Movimento Unidos dos Povos e Organização Indígenas da Bahia (Mupoba) e o promotor de Justiça Criminal Edmundo Reis.
O encontro foi uma iniciativa da SBDST-BA, com o apoio e parceria do Cesau, das coordenadorias Municipal de Salvador e Estadual da Bahia de DST/Aids, ISC, Coren, Sesab, Cedap, Cremeb, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), do Laboratório de Imunologia e Biologia Molecular (Labimuno) da Ufba, e da Câmara Técnica de Enfrentamento da Sífilis Congênita e Materna, Hepatites Virais e Transmissão Materno-infantil do HIV do Município de Camaçari.
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