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Semana da pessoa com deficiência: seminário no MP destaca importância do olhar sobre a família
Mães de adolescentes com deficiência relataram suas experiências na educação desses jovens durante o seminário ‘Olhar sobre a Família’, que encerrou hoje, dia 28, a ‘Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla 2018’, no Ministério Público estadual. Realizado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), em parceria com o MP, o evento abordou o tema ‘Família e Pessoa com Deficiência, Protagonistas na implementação das Políticas Públicas’. A promotora de Justiça Cínthia Guanaes, do Grupo Especial de Defesa da Educação (Geduc), destacou que essa aproximação com as famílias é fundamental para a promoção de políticas públicas eficientes na área de educação. “Não bastam leis, ações, processos judiciais. É preciso inserir a família no processo educacional para, a partir daí, exigir o cumprimento da lei e assegurar uma educação realmente inclusiva”, afirmou.
Na abertura do encontro, três mães de assistidos da Apae relataram a experiência que tiveram com seus filhos da descoberta da deficiência à inserção na educação regular. Rita de Cássia falou da dificuldade que teve em aceitar o filho Lucas quando soube que ele possuía uma deficiência. “No início, foi um desafio; hoje, estamos tão ligados que todos me conhecem como Rita de Luquinhas”, disse feliz. A mesma dificuldade inicial foi relatada por Tatiana Rodrigues, mãe de Miguel. “O apoio da Apae foi decisivo para eu ver meu filho como alguém com potencialidades. Hoje, ele tem 16 anos, é o sonoplasta da nossa igreja e pode até ser inserido no mercado de trabalho”, conta orgulhosa. Orgulho partilhado por Margarida Cruz. A mãe de Giuliana, de três anos, conta que a garota tem uma agenda cheia. “Ela é talentosa. Frequenta as aulas na escola regular, aprende bem e faz balé”, afirmou a mãe que vislumbra um futuro brilhante para a garota.
O psiquiatra Ivan de Souza Araújo, diretor clínico do Pronto Atendimento Psiquiátrico do Município de Salvador, falou sobre a importância da aceitação dos pais para uma “verdadeira” inclusão dos filhos com deficiência. “É um desafio, pois os pais abdicam de muitas coisas para dedicar a essas crianças a atenção que elas precisam”, destacou o médico que apontou também a necessidade de um olhar atento para esses pais. “É fundamental o que estamos fazendo aqui: saber o que esses pais e mães vivenciam, aprender como eles lidam com seus filhos. Essas experiências são decisivas para a construção de um cenário inclusivo”, alertou.
A promotora de Justiça Cínthia Guanaes falou sobre inclusão e legislação, destacando as garantias da Lei Brasileira de Inclusão, em vigor desde 2016. A promotora salientou que a Constituição de 88 já assegurava às pessoas com deficiência o direito à educação, porém a nova norma trouxe alguns avanços. “Hoje, a deficiência é vista sob uma ótica mais ampla, biopsicossocial, o que leva em consideração o aspecto comportamental”, afirmou. Outro avanço destacado por ela é a garantia de aprendizado. “A lei vai além de assegurar à pessoa com deficiência um lugar na escola regular, ela garante também que ele tenha à sua disposição os recursos necessários para um aprendizado efetivo”, afirmou, destacando, dentre outras, a criação da figura do Profissional de Apoio Escolar, designado especificamente para acompanhar o aluno com deficiência nas escolas. “Mesmo nas escolas privadas, esse profissional é garantido e não pode custar nada mais para os pais, ainda que apenas um aluno necessite do acompanhamento”, salientou.
Fotos: Guilherme Weber (Rodtag)
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