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Seminário propõe norma técnica para controlar bioinvasores na Baía de Todos os Santos
A criação de uma norma com o objetivo de monitorar e controlar a chegada de bioinvasores, como o coral sol, na Baía de Todos os Santos, foi proposta hoje, dia 8, durante o Seminário sobre Bioinvasão Marinha. O evento, que reuniu promotores de Justiça, biólogos e ambientalistas no auditório do Ministério Público estadual, analisou os aspectos socioambientais associados ao coral sol, um organismo bioinvasor que se introduziu na Baía de Todos os Santos. Para a coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Ceama), promotora de Justiça Cristina Seixas Graça, a norma ajudará a regular as empresas responsáveis pelas estruturas que transportam os bioinvasores, como navios e plataformas de petróleo. “Organismos como o coral sol causam danos ao meio ambiente e prejudicam a população local. É preciso que haja normas claras de forma a reparar os danos sofridos pelas comunidades e pelo bioma”, salientou a promotora.
A mesa de abertura traçou o histórico da bioinvasão do coral sol no Brasil e na Baía de Todos os Santos. O debate entre os biólogos Ricardo Miranda, da Universidade Federal da Bahia, e Igor Cruz, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, foi mediado pela coordenadora do Núcleo Baía de Todos os Santos (NBTS) e idealizadora do evento, promotora de Justiça Cecília Martins, que falou da importância do debate entre a academia e a Justiça para a atuação na área ambiental. “O cerne da discussão nas ações civis que tratam dos bioinvasores é identificar a responsabilidade pela entrada dessas espécies exóticas no meio ambiente. Nossa atuação precisa da prova científica”, afirmou. O pesquisador Ricardo Miranda afirmou que, na Bahia, o coral sol chegou primeiro na região da comunidade de São Roque do Paraguaçu, por meio da indústria naval. “Navios e plataformas de petróleo foram os vetores que trouxeram o coral do oceano Pacífico para águas do Atlântico, como a Baía de Todos os Santos”, afirmou o professor da Ufba. Igor Cruz, professor da Uerj, lembrou que as primeiras ocorrências no Brasil se deram no Rio de Janeiro, onde o coral “provocou danos à comunidade e ao ecossistema”.
As iniciativas para controlar o coral sol nas comunidades de pesca e mariscagem na Baía de Todos os Santos foram debatidas entre o doutor em Ecologia pela Universidade de Liverpool e professor da Uerj, Joel Creed e o diretor-presidente da Organização Não Governamental Pró-Mar José Roberto Gonçalo, conhecido como Zé Pescador. O professor Joel Creed explicou que o trabalho de controle desenvolvido desde 2005 só é possível devido à parceria com as comunidades de pesca e mariscagem. “Além do meio ambiente, a bioinvasão prejudica a saúde das pessoas, a economia das comunidades e as indústrias”, afirmou o pesquisador, salientando a importância de combater rapidamente o problema. “Com o tempo, os organismos se proliferam, causando alterações na cadeia alimentar, que prejudicam diretamente os pescadores”, completou. O trabalho é desenvolvido em parceria com a Pró-Marfoca na capacitação de pescadores, catadores de mariscos e artesãos. Juntos, eles aprendem a forma correta de remover os corais das áreas acessíveis, de modo a reduzir o impacto sobre o meio ambiente local. O material é removido e usado para produzir peças de artesanato e gerar uma nova fonte de renda às comunidades abaladas pela queda do lucro da pesca e da mariscagem. O seminário contou ainda com a participação do coordenador de fiscalização do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Marcos Machado, e dos biólogos Bruno Tárdio e Karina Martins.
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