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MP apresenta proposta de curso para profissionais que trabalham com homens autores de violência doméstica
O Ministério Público estadual, por meio do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (Caodh), apresentou uma proposta de curso de capacitação voltado para profissionais atuantes ou que queiram atuar em “grupos de responsabilização para homens autores de violência doméstica e familiar contra mulheres”. A apresentação ocorreu na manhã de hoje (6), no auditório sede do MP no Cab, e teve como público-alvo membros e servidores da Instituição, além de profissionais que pretendem atuar como facilitadores em grupos que trabalham a temática. A abertura, mediação e debate do evento foram realizados pela promotora de Justiça e coordenadora do Caodh, Márcia Teixeira. Ela destacou que os anos de atuação e pesquisa na área trouxeram a compreensão de que, “se não trabalhássemos com homens agressores e também com os não agressores, que são a maioria, não teríamos grande sucesso”. Também registrou que é necessário empenho, porque “a mudança de cultura é muito mais complexa do que imaginamos”.
A proposta do MPBA foi apresentada pelo mestre em saúde comunitária e analista técnico da Instituição, Rafael Torres. Segundo ele, o formato do curso tem o mesmo modelo do programa “E agora José?”, apresentado no evento pelo psicólogo Flávio Urra. Serão trabalhados doze módulos semanais, com carga horária total de 56 horas, para uma turma de 60 pessoas, divididas em três grupos. Os encontros terão duração de 4 horas, com momentos reflexivos e aprofundamento teórico. Ainda de acordo com Rafael, o projeto está programado para ter a primeira aula no mês de fevereiro. O mestre em psicologia social Flávio Urra falou sobre o trabalho desenvolvido em São Paulo como coordenador do programa 'E agora José?', que visa o fim da violência contra a mulher. No programa, homens que foram condenados pela Lei Maria da Penha passam por grupos de reabilitação e reflexão, explicou ele. O psicólogo e sociólogo disse ainda que “a proposta principal do grupo é desconstruir o machismo que vem sendo alimentado pela sociedade”.
O evento também contou com o lançamento do livro “Liberdade a Dois”, do psicólogo Vinícius Farani López. Para o autor, “faz parte do contexto contemporâneo o olhar sobre o homem, sobre a relação de uma forma mais democrática e menos hierárquica. A atuação do MP nesse contexto é de extrema importância para que possamos avançar ainda mais nas relações de autonomia entre homens e mulheres, de forma que não só as mulheres, mas também os homens, possam ter esse olhar para sua prática, para como o seu comportamento afeta diretamente o outro”. O escritor considerou o evento de hoje um marco, que precisa ser multiplicado. “É enriquecedor poder ver a prática de outros homens para que se cure e procure desenvolver um contexto mais saudável pra si e para outras pessoas”, disse ele.
*com supervisão de Maiama Cardoso (MTb/BA - 2335)
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